A luz acesa refletia na parede branca. O silêncio da madrugada adentrava o quarto. O calor da febre e o frio do travesseiro suado faziam o espaço ao meu redor se mover numa cadência aleatória, como um caleidoscópio multidimensional.
O corpo numa agonia, um esforço para falar. O contato da mão fria na minha testa quente, a ponta fria do termômetro debaixo do braço.
As horas se passavam até que a consciência se perdia e, a partir daí, a realidade experimentada não fazia distinção entre o mundo físico material e as subjetividades da mente.
Na parede do quarto, um tipo de Pierrot. Preto e branco. A lágrima e mais alguns traços em preto, todo o resto em branco.
Um vulto branco correndo. A sensação da iminência de ser alcançado. Pesadelo.
